Uma tecnologia construtiva pode ajudar o Poder Público na reação rápida ao enfrentamento das mudanças climáticas. Em fevereiro deste ano, o Governo do Estado de São Paulo entregou 518 moradias no bairro Baleia Verde, em São Sebastião, às famílias que perderam suas casas durante o desastre causado por fortes chuvas no ano passado. As residências foram erguidas com a tecnologia “wood frame”, construção pré-fabricada de madeira em que os módulos saem prontos para a instalação. O uso da técnica permitiu um tempo recorde na execução das novas moradias, entregues em seis meses desde a montagem. O serviço foi executado pela Tecverde, contratada pelo governo paulista para construir o conjunto habitacional.

Pioneira no país em construção industrializada, a tecnologia da companhia oferece celeridade comparada às construções por alvenaria e permitiu que, em menos de um ano, centenas de desalojados pelo desastre tivessem nova moradia. A obra, localizada na Baleia Verde, a 2 km da Vila do Sahy, bairro mais afetado pela tragédia, consiste em dois empreendimentos, com 30 edifícios de quatro pavimentos e quatro apartamentos de 41m² por andar, além de 38 casas, sendo 18 para pessoas com deficiência. O investimento total do governo de São Paulo para a obra foi de R$ 72 milhões. Foram apenas seis meses para a montagem de todo o empreendimento, que se iniciou em julho, depois que o terreno foi preparado pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo.

A CDHU também ficou responsável por acabamentos finais das unidades, como pintura e colocação de cerâmica. Enquanto o terreno era preparado, os imóveis eram produzidos na fábrica da Tecverde, no Paraná. A companhia fabricava os painéis em wood frame e os enviava para São Sebastião, já com a parte elétrica e hidráulica instalada antes da montagem. O modelo industrializado também permitiu que os primeiros edifícios fossem montados enquanto os próximos estavam em produção. Com isso, transcorreu simultaneamente todas as etapas da construção: preparação do terreno, fabricação dos painéis, montagem e acabamentos finais. Para se ter uma ideia da velocidade de construção, um prédio de 4 andares era montado em 52 horas, enquanto os painéis necessários para esse edifício eram fabricados em 26 horas. No total, o conjunto habitacional utilizou 6.124 painéis em wood frame.

O sistema também demanda menos profissionais em canteiro, deslocando mão-de-obra para funções de engenharia, por exemplo. Foram 116 pessoas trabalhando na produção e montagem da obra, com mais 120 pessoas na equipe indireta e de serviços de acabamentos. Desse total, cerca de 10% foram profissionais locais de São Sebastião contratados para trabalhar no empreendimento. De acordo com a Tecverde, o sistema industrializado também traz benefícios ambientais, como uma redução significativa nas emissões de gases poluentes e no uso da água, quando comparado às construções em alvenaria.

A precisão do modelo também garante maior previsibilidade no orçamento e maior precisão no uso de materiais, evitando desperdício e a geração de resíduos. Por ser em wood frame, os imóveis possuem ainda melhor desempenho térmico e acústico, isolamento que traz mais conforto em empreendimento mais adensados, como condomínios habitacionais. Para a companhia, a empreitada de São Sebastião foi um exemplo marcante no Brasil de como a construção industrializada pode viabilizar respostas rápidas em situações emergenciais, ainda mais diante dos eventos climáticos que têm se tornado cada vez mais intensos e frequentes em todo o mundo, agravando as questões de segurança e infraestrutura.

AUTORES
Stael Xavier
Diretora Comercial da Tecverde
Felipe Basso
Diretor de Operações da Tecverde

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